Crónica de distintos oureenses

Guia de leitura do Ourém blog destinado a celebrar a juventude de um grupo de oureenses e o espaço onde a mesma teve lugar

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Meio comuna, meio anarca, com hábitos burgueses. Totalmente confuso na selva capitalista...

sábado, junho 26, 2004

O tiro saiu pela culatra II ou... é preciso repor a verdade histórica

Amigo Robalo (Luís é bonito, mas este peixe, por menos informal, transporta-me a outros mares, atlântidas desaparecidas, mas persistentes nas memórias)
Bem, li a história e… quem conta um conto acrescenta um ponto, não é assim?
Vamos lá então.
Lembro-me que éramos para aí uns catorze, entre os quais o Zé Domingos que
desenhou uma caveira com a pólvora, do modo a que, quando esta se incendiasse,projectasse a imagem desenhada. Assim, perto do cemitério, estás a ver o efeito!!!
A ideia era assustar a mulherzinha que vinha com o alguidar de roupa à cabeça, mas o homem da bicicleta dos pneus grossos (à francesa) adiantou-se e, a precipitação originou, como muito bem disseste, uma monumental chamuscadela na tromba do Kansas.
Fomos direitos ao chafariz que havia à porta da casa do Abel Faria (pai do Aguinaldo e do Vitó que têm uma bomba de gasolina perto da taberna do Frazão) e, armados em ferreiros, metemos a cabeça do Kansas debaixo da água que corria da torneira, qual ferradura incandescente. O cheiro a grelhado era intenso e o cagaço também andava por aí.
Resolvemos então ir até à farmácia que estava de serviço que era a do Dr. Verdasca. Entrámos, o Kansas, o meu primo Quim (irmão de Julito) e a minha pessoa.
Estavam o dr. Verdasca e o dr. Oliveira em amena cavaqueira quando entrámos por ali adentro.
Diz logo o dr. Oliveira(padrinho do Kansas):
-Ó Arquimedes (era assim que ele o tratava) o que é que se passou?
O Kansas, nada, não piava.
Respondi eu:
-Foi com uma bicha!
Dr. Verdasca:
- Bicha?! Nã, isso foi com água a ferver.
Dr. Oliveira:
- Não me parece, pelo aspecto deve ter sido ácido.
Bem entre o ácido e a água a ferver, lá nos aconselharam a ir ao hospital para fazer o curativo.
Quem estava de serviço era uma enfermeira que, sem hesitar, besuntou o trombil do Kansas com uma pomada que o rapaz até fosforescia.
Era preciso ir pôr o Kansas a casa. Saímos do hospital e lá fomos os três: eu, Kansas e o Quim.
Assim que saímos a porta de ferro do velho hospital, ouvimos uma voz de aflição a gritar no meio da rua:
- ó Ramiro, Ó Ramiro!
Deixámos que a mãe do K passasse e escondemo-nos na antiga garagem do Zé Leal que, como te deves lembrar, ficava encostada à casa do Kansas. Entrámos e por pouco íamos caindo no alçapão utilizado para a reparação e lavagem das camionetas.
Não sei por que artes, a mãe do Kansas descobriu que estávamos ali escondidos e, junto ao portão grande da garagem pôs-se a gritar: Sai daí, eu sei que aí estás! Depois de repetir a dose não sei quantas vezes e, talvez comandado pelo desespero ouve-se a voz do Quim (que era –ainda é- gago):
- Nãããã tátátá cácá ninninguém!
E foi assim que a história terminou, que não pró Kansas que parece ainda teve espaço para levantar uma monumental carga de porrada.
Peço que não repares na forma como a história está escrita, porque ela saiu de rajada e foi assim que ficou.
Fala com o Quim. Talvez ele possa acrescentar ou tirar alguns exageros que, como sabes, de tão contados dão em lenda.
Grande abraço
Zéquim